O desafio da humildade


Desde que me conheço por gente sempre ouvi minha mãe insistir comigo e com meus irmãos de que nosso maior desafio na vida seria desenvolver a humildade. Não era eventual. Era constante a insistência. Tão constante que isto nunca saiu da minha cabeça tão pouco de minhas cobranças pessoais.
Humildade para mim, quando eu era criança, era praticamente, uma contradição. Pois, como poderíamos não ser humildes se éramos pobres? Claro, isto nós insistíamos em repetir.
Para minha mãe éramos “proprietários de terras” da Redenção e do Marinha mais especificamente. E não era devaneio dela. Justificava-se a propriedade pois, eram do Estado e nós também éramos cidadãos. Portanto éramos ricos de recursos. Recursos coletivos, mas recursos. Neste caso terras...
Enfim, pensava eu... não temos isto, não temos aquilo e, ainda assim, a mãe acha que podemos ser outra coisa que não humildes?
Pois era aí que estava a distância do conceito que confunde mesmo quem não é pobre ou criança.
Humildade não é sinônimo de pobreza ou privação. Humildade não é, por outro lado, falsa modéstia, tão pouco é sinônimo de fala mansa.
Humildade é aquela qualidade rara, raríssima, nos dias atuais em que a pessoa realiza sinceramente, de alma – quero dizer – que ela é só parte, não todo.
Humildade é não ter dúvida alguma de que somos um, com o todo. Nem um pouquinho a mais do que absolutamente ninguém na face desta terra.
Humildade é estar completamente ciente que nosso progresso, desenvolvimento e eventual sucesso está, e sempre estará, galgado em muitas outras pessoas das quais, a maioria das vezes, nem sequer saberemos os nomes.
Humildade é, em última instância, ter a consciência que, dentre toda humanidade, não sou o único ou o mais especial, do que meu semelhante em hipótese alguma.
Qualidade ímpar. Qualidade nobre. Qualidade de poucos, em especial, nos dias de hoje onde a valorização por ser o máximo, único, praticamente uma celebridade virou sonho de consumo de grande maioria.
Qualidade que anda junto com colaboração, com solidariedade, com co-trabalho, com amorosidade, com esperança...
Ao que reflito que precisa-se ser muito humilde quando ser está doente.
Precisa-se realmente desenvolver a empatia para não transformar a vida dos demais em um martírio.
Precisa-se constantemente vigiar atitudes e pensamentos para que o resultado da vida seja harmônico.
Um desafio constante que tenho investido energia emocional em aprender.
Como tenho feito questão de dizer... ainda tentando aprender a ser humilde mãe...


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